quinta-feira, 6 de maio de 2010

Dizer ou não dizer, eis a questão

Devemos ou não dizer tudo o que pensamos? Quem pensa pode achar que deve partilhar, sejam quais forem as consequências. Quem ouve pode dar sinais se quer ou não ouvir, e ajudar o outro lado a decidir. Já fui daquelas pessoas em que tudo me saía pela boca fora. Dizia e depois logo se pensava nas consequências. Se tivesse que bater com a cabeça na parede pois venha ela, se tivesse que ser a mais feliz do mundo então não ia esperar nem mais um minuto. Foram mais as vezes em que devia ter estado caladinha do que aquelas em que era certo abrir a boca.
Deixei de ser assim. No meu entender para melhor, embora há quem possa achar que para pior.
Quando falo penso sempre no que digo - não uma ou duas, mas 350 vezes - e nas consequências do que vou dizer. Imagino filmes, faço uma lista de probabilidades e depois decido. Não fica nada por dizer que realmente ache que é importante, seja o final feliz ou nem por isso. Mas também não prego ao ceguinho e quando não vale a pena, remeto-me ao silêncio.
Quando oiço, ou quando presinto aquilo que poderei ouvir, normalmente tento dar pistas de qual será a minha resposta. Posso enganar-me e afinal dizerem-me uma coisa completamente errada e eu estar a acertar ao lado. Mas não creio. Nasci com imensos defeitos, mas tenho uma intuição que muito raramente me falhou em 31 anos. Quando sei que a minha resposta pode ir ao encontro do interlocutor às vezes até tomo a iniciativa "Olha lá, tu por acaso não estás a pensar em dizer-me isto ou aquilo?". Quando desconfio que a minha reacção não vai ser a desejada, normalmente fujo ao assunto. Faço-me de parva e de desentendida - que não sou.
A vida não é única e absoluta num só minuto. Ou num só dia. Se calhar hoje devemos estar calados e amanhã falar. Ou não. Quem fala tem todo o direito de dizer, mas também tem que saber aceitar. Lidar com as consequências de poder ter uma resposta que, naquele momento, não era a desejada. O que achamos hoje podemos deixar de achar amanhã. E vice-versa. Falar sim, mas só se se tiver estômago para digerir muito bem um hipotético "Mas porque é que eu não fiquei caladinho?".

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