quarta-feira, 12 de maio de 2010

A noite acabou assim:
Ele: "Confesso que estava receoso desta conversa... Como íamos interagir, mas senti que apesar de termos os dois mudado, pouca coisa mudou entre nós... E as tuas palavras, expressões e risos eram-me tão familiares. Espero não voltar a perder-te"

Eu: "Eu também estava com medo. Tu continuas o mesmo, mesmo com tudo o que já não sei de ti. Acho que já sofremos e amadurecemos o suficiente para sermos mais tolerantes um com o outro. Não nos vamos voltar a perder"

Mas antes...
Três anos depois de nos termos visto pela última vez, a vida pregou-nos uma partida inesperada. Não foi fácil olharmos um para o outro outra vez. Mas o coração estava partido dos dois lados e quando a S. resolveu juntar os pedaços, tudo o que no passado nos uniu voltou ao de cima. Sim, estamos diferentes, com vidas diferentes, com sofrimentos diferentes, com quereres e esperanças diferentes. Nenhum dos dois quer de volta aquele passado intenso que tanto nos uniu e nos afastou. "A vida eramos nós os dois e mais ninguém", disse-me ele ontem. É verdade. Só que a vida agora é muito mais do que isso. Afastámo-nos porque perdemos pessoas muito importantes - o meu pai e a mãe dele - e nenhum dos dois soube lidar com isso. Com a dor da perda. Três anos sem uma palavra, sem nada. Três anos a acharmos mutuamente que o outro tinha esquecido. Que o silêncio do outro lado era pura indiferença. Três anos a imaginarmos o que andaria o outro a fazer.
Ele: "Tentei ir uma vez à tua procura, mas quando não vi o teu nome na ficha técnica, perdi o rasto."
Eu: "Tentei ir uma vez ao site do teu consultório, mas quando vi que já não existia fiquei sem notícias tuas"
Com esta conversa desatou-se o último nó na minha vida. Nada há para resolver do passado. Do futuro não sei nem quero saber. A seu tempo virá. Quando duas pessoas gostam genuinamente uma da outra não são as distâncias que apagam os sentimentos.


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