"Não sei avaliar bem a situação que viveste, mas eu, mesmo optimista, senti o meu mundo a tremer quando a minha mummy esteve doente, sem que eu desse conta estava a tentar respirar onde parecia não existir oxigénio, de repente senti que algo me tinha empurrado do topo de um arranha céus sem saber onde e o que me esperava no chão... e tive que me agarrar a tudo o que encontrei pelo caminho para não me magoar no fim da queda, aprendi a olhar as coisas de maneira diferente, a tomar mais atenção a tudo o que está a nossa volta, e que de facto os defeitos das pessoas as vezes são fáceis de aceitar se fizermos um esforço e se repararmos bem nem são defeitos mas exigências nossas para com alguém, numa tentativa nossa para que essas pessoas sejam o mais próximo da perfeição, mas se fizermos como dizes, se pararmos por um instante a olhar e sentir o que estamos a viver no momento, aí sim, consegues tirar um momento perfeito, às vezes basta um sorriso apenas, uma imagem, uma imagem que temos vontade de uma polaroid para guardar como que fosse uma fotografia para ter num álbum, mas hoje já consigo respirar com mais calma, e ver para lá do que as vezes parecia um nevoeiro cerrado,e no final existe sempre sol que desenha um arco-iris."
Eu respondo-te:
"O que passei com o meu pai foi muito complexo. Não era somente um pai, porque eu sempre fui a menina do papá. Uma relação muito próxima desde sempre. Até porque eramos iguais em mt mt coisa, e no tempo em que esteve doente era em mim que ele procurava apoio e ajuda. Tudo o que passei levou-me a descobrir o que é na verdade a solidão, o desespero, a dor e a tristeza. No dia em que tudo acabou eu estava no limite dos limites. "Das duas, uma: ou me atiro de uma ponte e vou atrás dele já, ou ando para a frente e um dia mais tarde, quando o encontrar algures, tenho um monte de coisas bonitas para lhe contar". Optei pela segunda hipótese. E, quase dois anos depois, ganhei muita paz com tudo e aprendi a saborear os bons momentos da vida.
Aprendi que se vive com a morte de alguém que nos é querido até ao final da vida, mas mesmo com as ausências e as saudades ainda se consegue ser muito feliz. Uma vez a Paula Teixeira da Cruz disse numa entrevista à Única: "Viver com a morte de alguém é como ter uma doença prolongada". Sim é. Mas se, como eu costumo dizer, 'sobrevivi' à morte da pessoa que mais adoro neste mundo, então sobrevivo a qualquer coisa. E quando interiorizas isto, andas para a frente. Nunca esqueces, mas ganhas paz e voltas a sorrir e a rir e a acreditar em tudo outra vez."
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