terça-feira, 1 de junho de 2010

encontro-te finalmente nas memórias felizes


Então e nós, pai? Quanto mais o tempo passa mais tu estás presente. Em mim. Deixaste-me quando ficaste doente. E eu fui buscar-te. Vivemos muita coisa que não queríamos, mas aguentámos os dois. Disseste-me uma vez “Vivo pela tua força de vontade. Porque tu não me deixas ir embora”. Nunca deixei. Paguei um preço muito caro, mas nunca pensei duas vezes. Acabaste por ir. Na mesma. Na decisão mais dura, e simultaneamente mais emocional, que tomei até hoje. E uma noite meu telefone tocou. Com o fim da história. Deixaste-me outra vez.

(...)

Mas agora não. Estás cada vez mais comigo. O tempo não te apaga, aviva-te. Estás sempre comigo. Não sei como, mas estás. Sinto-te. Calo-me porque há coisas que só nós os dois sabemos. Mas consigo partilhá-las contigo. Não te consigo encontrar nas lágrimas dos outros. Na tristeza dos outros. Consigo-te encontrar em mim. Escreveste-me uma vez que o teu medo não era de morrer. Era porque com a morte deixavas de me poder abraçar. Não te preocupes com isso. Não importa. A dor da tua ausência tem-me feito andar para a frente. E tu vês. Obrigada por tudo o que tens feito por mim, mesmo não estando aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário

fatias