Ao contarmos aos outros o que nos vai na alma acabamos por descobrir um pouco mais quem somos por dentro. É como se as palavras escritas nos tirassem de dentro do nosso corpo e nos permitissem olhar de fora. Pensar, refletir.
Uma amiga diz-me que gostava de conseguir acreditar no amor ‘para sempre’. E isso deixou-me a pensar. Não sei se é possível ou não. Não sei se o vou viver ou não. Mas acredito. Acredito profundamente. Trago ao de cimo a princesa pequenina que um dia fui e acredito em príncipes encantados e felicidades eternas. Sim são possíveis. E dependem mais de nós do que gostaríamos de admitir. Não dependem de serem perfeitas. Dependem da nossa disponibilidade para acreditar, para ceder, para lutar por isso. Da nossa capacidade de não olharmos apenas para o que não temos. Para o que gostaríamos que fosse perfeito e não é. Falar com ela fez-me esquecer as remanescências do meu mundinho egoísta e olhar mais além. Sim é possível acreditar que há histórias que perduram. Daquelas de filmes e de livros. Se formos corajosos para lutar por elas, sem virarmos as costas. Quem a vive não é mais sortudo. Talvez tenha acreditado mais. Tenha cedido mais. Tenha pensado mais em si. Tenha buscado e procurado onde os outros perderam a esperança.
Não sei se conheço algum amor ‘para sempre’. Sei que conheço muitos amores sofríveis de pessoas muito pouco dispostas a lutarem, que caíram no facilitismo e que à primeira barreira viram costas e partem para longe. É um estilo. Não é o meu estilo. Se isso me faz estar mais ou menos predestinada para uma longevidade amorosa maior, o tempo o dirá. Mas ao menos não posso dizer que não acreditei. Ou que não tentei.
Sem comentários:
Enviar um comentário
fatias