O amor não se escolhe. Sente-se. Alimenta-se. Ri-se. Chora-se. É maior que o tamanho do mundo inteiro. Alimenta o bater do coração. Faz-nos respirar. E viver. É tudo o que somos. O que queremos ser. É um mundo de sonhos. É o que nos alimenta. É tudo isso e muito mais. Será sempre muito mais do que qualquer palavra possa captar.
O meu amor por ti sempre foi assim. Nem sempre pacífico. Mas sempre intenso. Pai e filha como sempre seremos. Porque o amor não morre com a morte. É maior. Mais abrangente. Mais poderoso que um simples fim.
Não vou nunca conseguir replicar o que nós tínhamos os dois num filho meu. Não sei como fizeste. Já não te posso perguntar. Não sei como me fizeste amar-te tanto. Mas fizeste. Fazes. E talvez um dia eu consiga despertar num filho o ínfima parte do que tu despertaste em mim.
Que não morreu contigo. Só morrerá comigo.
E talvez nem assim porque passo a vida a acreditar que um dia te vejo outra vez.
Estás quase a fazer anos outra vez. Fazes 57 anos como bem sabes. Não é pacífico comemorar sozinha. Mas é gerível. Tem de ser. Tudo terá sempre de ser.
Mas não vou esperar para te dar a prenda. Sim, vou-te dar o que um dia me pediste. Lembras-te? Ficaste muito emocionado e pediste-me. Eu aceitei, mas como não estava preparada guardei o pedido na gaveta do coração e da memória.
Agora chegou a altura. A altura de ajudar outras pessoas, como te ajudei a ti. A altura de fazer acreditar outros, como te fiz acreditar a ti. Liguei há pouco para o IPO. Para começar a fazer voluntariado. Vamos ver se me querem.
Não vou dar outros abraços a achar que te estou a abraçar a ti – porque tu já cá não estás. Estarei simplesmente a fazer-te mais uma vontade. Nunca conseguirei salvar vidas, como a tua perdi. Mas se um dia alguém pensar que o posso de alguma forma ajudar, como te ajudei a ti, isso far-te-ia muito feliz. E a mim também.
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