Faz este mês quatro anos que a minha vida mudou. Que a nossa vida mudou. Que te levei ao hospital sem saber que caminhava para o fim do mundo. Não sei se acho se foi há muito ou pouco tempo. Não consigo saber o que achar. Às vezes parece que foi numa outra vida. Outras vezes que foi nesta. Não me lembro do dia, nem quero saber. Sei apenas que foi em Outubro. E fazia sol. E calor. Quis tanto que tudo acabasse nessa noite pai. Não te queria ver a sofrer. Foi o principio da tua caminhada. Da nossa. Foi o princípio da tua extraordinária resistência fisíca e da mais profunda depressão de vida. Vivemos coisas muito bonitas depois disso. Muito tristes também. Se tudo tivesse acabado nesse dia não me tinhas marcado da forma que marcaste. Não me tinhas feito pensar na vida da forma que fizeste. Mas continuo a achar que teria sido preferível que tudo tivesse acabado nesse Outubro. Infelizmente, não me foi dado a escolher. Lembro-me da mãe agarrada a mim. E eu sem saber o que fazer. Mas calma. Demasiado racional. Porque se abrisse o meu emotivo de mim desfazia-me ali. "O seu pai tem um cancro em estado muito avançado e não terá muito tempo de vida". Quanto tempo? 'Não muito' é quanto tempo? Traduza-me isso em dias. Um ano e meio para te perder - e te ganhar de outra forma. Mas Outubro não tem de ser um mês mau, afinal de contas, era o mês que tu gostavas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
fatias