sexta-feira, 14 de outubro de 2011

austrália, canadá, estados unidos e brasil



Há dias e dias. E hoje é um daqueles dias em que o espanto dá lugar ao silêncio, dá lugar à impotência, dá lugar ao encolher de ombros e, em alguns casos, dá mesmo lugar a umas gargalhadas de sabor amargo porque afinal de contas não há nada que possamos fazer para alterar o rumo dos acontecimentos, mesmo que estejamos no centro deles. O país está mal, no geral, a realidade que nos toca está mal, em particular.

O futuro não pertence muito bem a ninguém. Nem ninguém quer saber muito dele. O que esvazia de sentido o que eu faço todos os dias. O que os jornalistas é suposto fazerem todos os dias. Estamos todos cansados de dar más notícias. Umas atrás das outras. E quando o jornalista se mistura com o cidadão é confuso demais para conseguir que a realidade que é suposto revelarmos aos outros é precisamente aquela que bate à nossa porta. É um jogo um bocadinho demente e com o seu quê de esquizofrénico.

No meio do caos todos nós temos as nossas soluções individuais. Mesmo que silenciosas. Todos nós temos aquela porta secreta para o País das Maravilhas da Alice, que por vezes nem confessamos porque sabemos que os outros as vão considerar tolas e sem o seu devido valor - que é serem a nossa tábua de salvação pessoal.

Mas, quando quatro jornalistas se sentam à conversa e uma suspira, ainda que a medo: "Se o azar me bater à porta, faço as malas e mudo de país. Até já escolhi para onde vou..." e as outras três, ao invés de acharem louca, confessam exactamente o mesmo, apenas com destinos diferentes... dá que pensar da crença de uma geração no futuro do país. Mais concretamente no seu futuro neste país.

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