quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Complicações

Cada vez percebo menos a minha vida, mas também já me vou habituando a isso. Mas desta é que não estava mesmo à espera. Aproximei-me dele porque lhe achava piada. Muita piada até. Porque tem personalidade. Porque não vai com as ondas da maré para onde estas lhes apetecerem. Mas achava que ele não me achava piada a mim. E isso também não me importava muito, porque ele despertava-me mais curiosidade que outra coisa. Ele tinha alguém, eu estava convencida que ele gostava dela - e eu andava eternamente a debater-me com as minhas ansiedades crónicas, mas voltava-as para outra pessoa. Não ia tudo bem, mas também não ia tudo mal. Ia tudo, mais nada. Até que houve um jantar. Muito bom, mas estranho. Um jantar que me deixou com dúvidas. Um jantar em que ele me deu permissão para entrar um bocadinho mais na vida dele. E eu gosto de permissões e desafios.
Depois partilhámos um gelado e uma garrafa de vinho. E depois fomos para a cama. E que cama! E depois tudo se misturou. Contámos uma boa parte da vida um ao outro. Percebi o que ia por trás de tanta maluquice. Gostei e quis saber mais. Fiz perguntas, ele respondeu. Depois dei por mim a ir ter com ele às escondidas dos meus amigos. E continuámos a ir para a cama.
E eu divertia-me. À séria. Porque era só isso que queria: divertir-me. Até que ele me disse que não gostava de vidas duplas e que a ia deixar. Aí assustei-me. Vais fazer o quê? Repeti-lhe vezes sem conta que não fizesse nada de que se pudesse arrepender. Não sei se lhe estava a dar um conselho, ou se implicitamente lhe estava a pedir, a implorar “Por favor! Não o faças! Deixa-te lá estar com ela que estás bem!” Porque eu agora não sei o que hei-de fazer. E também não sei se me divirto assim tanto. Ou melhor, eu divirto-me, tenho é medo de deixar de me divertir. E penso: desta vez fiz tudo certo, e mesmo assim ando stressada outra vez. Isto parece que não muda nunca. Ou stresso porque não me ligam nenhuma, ou stresso porque me ligam demais. Agora precisava de um copo de vinho, de um cigarro e da minha confessora. E não tenho nada disso à mão.

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