quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

momentos


"E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido."

(Haruki Murakami, Kafka à Beira Mar)

De manhã lês-me Murakami. À noite descobres-me por dentro.

no words, just breathe

terça-feira, 16 de novembro de 2010

perguntas soltas



Ele: Acho que sonhei contigo.
Ela: E o sonho foi bom?
Ele: Foi um sonho perigoso. Acho que era capaz de beber intermináveis garrafas de vinho contigo...
Ela: E serias capaz de responder a todas as minhas perguntas? Entre um copo e outro?
Ele: Se conseguires fazer perguntas enquanto te beijo sim, acho que sim.
Ela: Queres mesmo ir por aí?
Ele: Quero ir por aí. Muito.
Ela: Deixaste de achar perigoso?

...


... ... ... ... ... ... ... .... .... porquê P.? Porquê agora? Porquê assim?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

exausta


Em modo piloto automático. Se escrevo mais uma linha de outra forma caio para o lado. Não estou cansada das palavras. Estou cansada de estar com as que não me apetece escrever. Só dessas me farto. Das outras não. Nunca.

ler-te em voz alta ao ouvido



Inesperado. Intenso. Perigoso. Inevitável. Antes de pensar nas palavras. Tenho de trazer a cabeça à realidade. E escrever tudo o que foi dito. Para que nada se perca. Mas não páro de ouvir a minha voz. Vezes e vezes sem conta. A ler as tuas palavras. O teu de ti. Com tudo e sem nada. Uma e outra vez.

domingo, 14 de novembro de 2010

esta será sempre nossa pai


Descobri-a contigo. E nunca a ouvi sem ti, pai.
Faz-me lembrar os nossos finais de tarde em frente ao mar do Guincho.

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world

I see skies so blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world


(What a wonderful world, Louis Armstrong)

convites inesperados


Chocolate quente ao final da tarde? Hmmm.... Why not? Let's.

time to breathe?


Por entre tantas e tantas borboletas, há palavras com o M. Por entre um ataque de ansiedade do melhor, há emails inesperados com o P.

sábado, 13 de novembro de 2010

por entre scones no Boulan


Eu escrevo. É um facto. E o que escrevo fica escrito. Isso ainda é uma certeza maior. Já me arrependi de muito que disse, mas nunca do que alguma vez tenha escrito. E hoje comoveu-me. Comoveste-me miúda. Foste buscar aqueles mails. Aqueles desabafos. Tudo aquilo que eu escrevi há tantos anos atrás quando nós éramos tão mais próximas. E mostraste-mos. Claro que me lembro. Achas que me esqueci do que escrevia? Nunca. A vida entretanto fez-nos ir por caminhos diferentes. Mas ter-te à minha frente, frágil, agarrada a um papel, a perguntar-me se a nossa amizade ainda era como eu escrevia, comoveu-me. Apeteceu-me desatar ali a chorar. Não sei que te diga. Sim, a nossa amizade já foi assim. Agora está a tentar ser. Se o que eu escrevi ainda tem significado? Não sei. Está tudo enferrujado. A precisar de ser polido. Mas pode ser que consigamos lá chegar. No entretanto estou cá para o que tu precisas. Disso sabes. Para mais, vamos ter de tentar. Começar do zero outra vez. Talvez um dia te volte a escrever cartas como as que ainda guardas. Ou talvez não. Mas não te preocupes com isso. A amizade é isto mesmo. Se não fosse, não estávamos aqui as duas outra vez.

no que penso?


Em seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis. Seis (tão longos) dias...

porque é sábado

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ma-ra-vi-lho-sa!


Acho continuo a achar esta mulher aboslutamente fabulosa. Maravilhosa. Fantástica. Um grande exemplo a seguir, sobretudo pelo trabalho que faz com os refugiados como embaixadora das Nações Unidas.

bom dia



Bom dia. Bom. dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Hoje disse-o a todas as pessoas com quem me cruzei até agora. Com o sorriso mais aberto do mundo. E descobri que (felizmente!) há até muitas pessoas que conseguem estar tão bem dispostas como eu logo de manhã. Sim, porque deixou de haver paciência para pessoas amargas e mal dispostas. Bom dia!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

a ausência nos teus olhos



Preocupar-me contigo é mais forte do que eu. Mesmo que não quisesse. Mesmo que tu não queiras. Esse olhar ausente. Frio. Que não é teu. Por muito que tenhas mudado, ou que digas que mudaste, a essência de ti continua a mesma. Mas não nesse olhar. Já gastei as palavras da pergunta que faço a mim mesma todos e todos os dias. 'Mas o que é que se está a passar?'. Não perco tempo a imaginar respostas. Essas só tu mas podes dar e eu sei que darás. Daqui a uns dias darás. Limito-me a olhar para os teus olhos e querer saber o que se passa dentro da sua cabeça. Que te transforma num fantasma para quem te vê. Para quem te vê porque te conhece. Até já os teus amigos notaram. Prefiro nem pensar nisso, mas não me consigo esquecer. O que é que se está a passar contigo?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

o ritmo dos dias



Antes os dias ainda paravam. Agora não. Sucedem-se numa vertigem interminável. Como um relógio de corda que não pára. É verdade que tudo é mais intenso. Não há espaços livres entre tudo o que acontece. Tudo acontece sempre e já a seguir. E o que acontece agora já devia ter acabado para dar lugar ao acontecimento seguinte. Tudo com sentido e encadeado. Mas muito depressa. Às vezes demasiado depressa. O já e o agora prolongam-se quase ao infinito. Deixei de perceber o que gostava que viesse a acontecer ou de ter pena do que já aconteceu. Não há tempo para isso.

tesourinhos deprimentes



Se há atitudezinha que me enerva (e sim, é mesmo a-ti-tu-de-zi-nha com o sentido mais mesquinho que se lhe possa imaginar) é o complexo da avestruz. Infelizmente o que não falta por aí é gentinha (novamente gen-ti-nha) a padecer desse mal. Aqueles que acham que os problemas desaparecem se não se falar neles. Aqueles que podem ver o mundo a cair ao lado e continuam impávidos e serenos como se nada fosse. Ou então aqueles que, à falta de coragem para tocar em assuntos sensíveis, resolvem agir como se tudo corresse sobre rodas.

Pessoas! Cresçam para a vida e ganhem coragem de enfrentar os problemas de frente, sim? Ficava-vos muito bem. Acreditem que a vida é muito mais fácil quando vivida dessa maneira. Lamento se sou muito pouco condescendente com este tipo de atitudes que apelido de 'cobardia crónica'. Não fazem parte da minha realidade nem nunca farão parte da minha forma de ser. Ainda sou daquelas que quando vê alguém a passar por um momento menos bom ou tem alguma questão por resolver vai lá e fala. Doa o que tiver que doer.

E mesmo quando a questão não me diz directamente respeito, observar-vos nesse joguinho de fazerem de conta que nada se passa entre uns e outros é profundamente deprimente.

desabafo



Isto de estar estrategicamente sentada a trabalhar de frente para o matadouro (leia-se, a sala de reuniões à qual vários colegas meus têm sido chamados para lhes ser comunicado que estão despedidos) é uma dor de alma que me tem deixado com os nervos em franja.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

aos meus pretendentes



Eu sou uma mulher de sorte, certo? Certo. Tenho amigas que se queixam que o mundo de hoje é um vazio de homens e que ninguém se interessa por elas. (Tenho para mim que são mais elas que não querem ver, e que até há moços dispostos a passarem-lhes de cavalo branco à frente, mas isso é outra conversa.) Felizmente (ou não, ainda não descobri) não é o meu caso. Eles aparecem? Ah pois aparecem. E manifestam-se também. Que a minha pessoa lhes agrada, seja por que motivo for.
Nas últimas duas semanas descobri três (!) singelos pretendentes dispostos a fazerem-me a corte. Podia ficar feliz? Pois podia. Apenas tenho três singelos pormenores a apontar: um é feio, o outro é casado e o terceiro é ex-namorado/namorado compulsivo de uma amiga minha. Tais detalhes poderiam estar concentrados em apenas um deles, mas não (oh qual era a graça se só um fosse zarolho, não é?) estão disseminados pelas aldeias.
Assim sendo, parece que vou continuar na minha, enquanto os três se matam para conseguirem jantar comigo. (Deixem disso rapazes, que eu sou menina de gostos caros e ia-vos sair dispendioso o serão sem que tivessem qualquer tipo de compensação em troca). De qualquer forma o meu ego agradece. Imenso. Vá e agora vão lá para vossos lares e deixem aqui a bebé em paz. Saudinha e um grande bem haja.

noite de outono



A contar as horas, os minutos e os segundos para aterrar no meu sofá com a L. a comer castanhas assadas, a bebermos um bom copo de vinho e a pormos toda a conversa em dia... ou seja, a falarmos de gajos e gajos e gajos. É uma noite fútil então pois claro, mas depois da terapia de choque non stop dos juros da dívida não consigo planear serões mais profundos e profícuos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

para ti


Há palavras que nunca ouviste. Sorrisos que nunca viste. Histórias que não te contei.
Frases minhas que não leste.
Porque te foste embora antes de elas me acontecerem.
Mas não é por isso que deixas de estar presente em todas elas.
Que deixo de as querer partilhar da mesma forma contigo. Como se ainda aqui estivesses.
Porque não deixas de estar, mas de outra maneira.
Morras onde morreres, desapareças onde desapareceres, dentro de mim continuas igual.
Sempre igual e sempre presente.
É a tua presença hoje que me faz olhar para o mundo como olho.
Porque nunca mais estou sozinha. Tu estás sempre comigo. Ao meu lado. Sempre.
E tu sabes.
Tu sabes porque te lembras.
Lembras-te do que me disseste naquele quarto de hospital.
"Não deixes nada por fazer. Não deixes vida por viver. Não acordes tarde demais.
Não faças com eu."
Prometi-te que não faria.
E sabes que cumpro. Que estou a cumprir.
Porque foi a tua morte que me ensinou o suficiente para ser a pessoa que sempre quis e que antes não era capaz.
Obrigada Pai.

a tradição ainda é o que era



Confesso que tenho um problema. Bom, na verdade sou menina para ter vários, mas este específico tem sido o responsável pela calamidade da minha conta bancária nos últimos tempos. É que não consigo resistir. Sou fraquinha, fraquinha e uma vendida do pior. E, para mal dos meus pecados, cruzam-se na minha vida pessoas capazes de o alimentar à proporção de caos instalado.

O problema em questão chama-se: ourivesaria tradicional portuguesa. Adoro. Amo. Não lhe resisto, nem quero resistir. Gosto de tudo. Dos corações de filigrana às arrecadas de Viana do Castelo. Dos brincos de rainha às contas tradicionais. Quero um (muitos!) de cada. Acho-os absolutamente formidáveis.

Pois então estava-se mesmo a ver que uma reunião de meninas, num domingo à noite, para ver as novas peças da Filumm, ia ser um incentivo altíssimo ao consumo privado e ao bom funcionamento das leis de mercado e, sucessivamente, da economia nacional. Ia ser e foi. Já cá cantam mais dois pares de brincos e outras tantas pecinhas encomendadas.

(E, o mais grave, é que já passei a fase de ter problemas de consciência por isso. Não tenho. Absolutamente nenhuns. Fica o meu contributo cívico ao desenvolvimento das PMEs deste país e ao propagar das tradições portuguesas em anos vindouros.)

acasos, com muito pouco de por acaso



Nada na vida acontece sem um propósito. Nada acontece por mero acaso. By chance, como dizem os ingleses. E, por vezes, o universo espera pela altura certa para nos mostrar o caminho. A seguir ou a não seguir. Deixa-nos à espera da melhor altura. Daquela em que não falha. E aí actua. Mais certeiro que um raio de tempestade. Isso não é mau. É muito bom. Mesmo muito bom. Por muito que nos faça questionar porquês e para ondes. Sábado foi uma dessas noites. Tudo aconteceu exactamente como eu não queria. Mas tudo aconteceu exactamente porque tinha de acontecer. Disso não tive quaisquer dúvidas.

Há erros na vida que não se repetem. E eu ia repetir. Conscientemente. Porque era mais fácil. Mais cómodo. Mais ali à mão. Tudo o que se passou entretanto mudou o rumo de muito em mim. Abriu-me os olhos. Quem marca o meu destino sou eu. Sou eu que tenho de o procurar. Não posso fingir que me serve o dos outros. Por muito agradável que momentâneamente possa parecer.

Se assim não fosse, não teria sido hoje o dia de encontrar a versão original do livro que mais procurei nos últimos tempos. De ter o jantar que mais ansiei nos últimos dias. E de acabar tudo mal. Porque tinha de acabar mal. O caminho não era por ali. E eu andava a ver se não via. Agora não posso deixar de o ignorar.

E tudo isto me dá uma paz imensa. Porque finalmente me confirmou as certezas que me vêm aludindo ao espírito nas últimas semanas. Agora é a altura de procurar. De descobrir. De encontrar. De pegar na primeira página e, a partir daí, num universo diferente. É finalmente a altura de começar pela primeira palavra. Eat, Pray, Love. Sabendo que nada será igual quando acabar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

happiness


(Amazingly) good things happen for those who wait (and believe). Sempre acreditei. Agora acredito ainda mais.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

lembranças, memórias, boas recordações



Qualquer manta de retalhos, de croché, me arranca um sorriso. Faz-me lembrar os verões de infância passados em casa da avó Sara. Antes do meu irmão nascer. Quando a minha alma de costureira se apurou ao máximo e passei dias e dias de agulha e lã a tricotar mantas e roupas para bebé. Eu, que era uma miniatura com nove anos, que arrastava atrás de mim quadrados coloridos mariores que eu.

quem de nós dois


E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda a vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida

Eu procurei uma desculpa para não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só um disfarce
O que eu já nem preciso...

(Quem de nós dois, Ana Carolina)

sobre o teu olhar de hoje



Bastou um segundo para o meu coração apertar. Muito. Um segundo a olhar para o teu olhar. Numa fotografia. Para um olhar frio. Duro. Ausente. Um olhar que não te conheço. Um olhar que não é teu. Sem expressão. Sem a tua vida. Um olhar sem as tuas gargalhadas. Fiquei preocupada. Aflita. O que é que se passa? O que é se passa nessa terra distante que te transforma o olhar desta maneira? Como se fosses um desconhecido de mim. Um olhar que não consigo suportar. Que me faz a mim desviar os olhos. E me dá ainda mais vontade de te abraçar. De estar contigo. Todos os outros sorriam. Tu não. Conto as horas e os dias para descobrir porque não. Porque é um não que me assusta.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

fiesta and glamour


Tonight we'll have dinner at the Ritz. Amazing.

fontes de tráfego



O Blogger diz-me que há árabes a lerem os desafabos que escrevo. Muito bom. Muito bom mesmo. Pode ser que me tranquem numa loja, como fizeram com a J., e me peçam em casamento. Ou não. Aliás, se calhar é melhor não.

si a ti te gusta, a mi me encanta


Quando se volta a mergulhar na rotina de todos os dias com a mesma boa disposição, beatitude e alegria com que se passaram os últimos três, de descanso, é sinal que algo mudou, mesmo no mais profundamente de nós.

Porque foram três dias maravilhosos a descobrir uma cidade mais maravilhosa ainda, a perder-me nas compras, a tirar fotos incontáves à Piazza di Espagna e à Maestranza. Ao Alcazar. Ao bairro de Santa Cruz. A devorar tapas na Hostería del Laurel, onde pernoitava o mítico Don Juan. A tomar mega pequenos-almoços em Las Piletas. Valeu por tudo e por muito mais.

Hoje dei por mim a cair numa realidade todos os dias. Mais stressante. Sem que isso me afecte. Sem que me importe. Sem que me deixe menos bem disposta. Sem que me faça ter vontade de fugir. Muito pelo contrário. Porque a vida é muito mais do que aquilo que imaginamos. E a minha não deixa de ser todos os dias cada vez mais surpreendente.