quinta-feira, 30 de setembro de 2010

almost off to london



E daqui a poucas horas aterro no maior centro financeiro da Europa. Couldn't be happier.

parar para respirar


Preciso de descansar. Preciso mas não quero. O corpo quer. A cabeça não. Precisava de fechar a porta de casa. Deixar tudo para trás. Ouvir Delicatessen baixinho. Banho de imersão. Fechar os olhos e esquecer-me do mundo. Aromas. Alguém que me fizesse massagens. Um bom copo de vinho tinto. Mas preciso de tudo isto só para descansar o corpo. A cabeça não. Sinto-me à beira de muita coisa se não conseguir descansar. Quase como se os meus desejos não controlassem aquilo que consigo fazer. As palavras têm-me deixado muito pouco espaço de manobra para qualquer outra coisa. Mas as palavras do trabalho. Se não gostasse tanto delas já tinha enlouquecido na vertigem dos últimos dias. Escrever de manhã à noite. Dormir quatro horas. E voltar a escrever. Os olhos queimam-me. As costas nem as sinto. Só preciso de um pouco de ar para respirar. De uma pausa. De mais nada. Depois recomeço. Com mais gosto ainda. Porque esse não o perdi, nem perderei nunca. Prometo.

eu e tu


Vivo cada vez mais em paz contigo. Em paz com a tua ausência. Fazes-me cada vez mais falta, é certo. Mas já encontrei forma de te continuar a falar. De me continuares a ouvir. Continuamos a ter as conversas só nossas, que sempre tivemos e que ninguém sabia. Nem tinham de saber. Eram nossas afinal. E é só isso que importa porque, lentamente, deixas de ser a maior dor da minha vida, para te transformares na melhor presença de sempre, pai.

acordar no Outono


Do que eu mais gosto com a chegada do Outono é de me enrolar no edredon quentinho, fechar os olhos, viver e reviver na minha cabeça os momentos mais felizes por que já passei e aqueles que ainda vou passar... à espera que o despertador toque. Fazer um café bem quente e voltar para a cama. Acordei triste e chateada durante muitos anos. Agora não. Porque os dias passaram a ser um mundo de possibilidades. Basta nós estarmos lá para as ver. E o silêncio da minha casa é das melhores riquezas que tenho vindo a saborear. Só meu, sem intromissões, sem erros, sem frustrações. Deixou de ser pesado e insatisfatório. É o meu. E está muito bem comigo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

cenas da vida de um jornal #20

Em noite de pré-fecho, grita a C. para o editor: "Tu desculpa mas eu estou à beira de uma tromboflebite por isso agora tenho que escrever de pernas para cima!"

cenas da vida de um jornal #19

Grita o editor para a jornalista especialista na matéria: "Tu estás a ouvir o que o Primeiro-Ministro está a dizer na televisão? Em directo? Sobre a austeridade? Diminuição de salários da função pública? Estás a ouvi-lo?!"

E responde a jornalista: "EU-JÁ-TE-DISSE-QUE-AGORA-ESTÁ-A-JOGAR-O-BENFICA!"

Assunto arrumado.

cenas da vida de um jornal #18


Vaticina a C., de dedo em punho, a discursar do seu púlpito junto à impressora: "Vocês todos capacitem-se que existem duas indústrias paralelas nesta empresa: a da informática e a dos recursos humanos. Ambas empenhadas em nos controlarem a vida 24 horas por dia. Ou é migrações de sistemas ou são inquéritos de clima organizacional com milhões de alíneas para responder. Vocês ouçam-me: o diabo anda por aí à solta. Ah pois anda!"

palavras tuas


E naquele momento mais complicado. Depois de muitas horas de trabalho. Poucas horas de sono. Noite dentro e ainda com muito para fazer em frente ao computador. A tentar esquecer as saudades e a falta que me fazes... e o meu telefone toca. Eras tu. Recebeste a minha carta. Tinhas saudades de me ler. Gostei das tuas reticências. (Sim, lembro-me que o que te escrevia antes eram cartas de amor. Era isso que querias dizer?) Queres que te continue a escrever. Fiquei sem palavras. Tens esse poder de me fazeres sentir uma menina pequenina. Fiquei tão feliz. Vieste momento certo estando tão longe.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

mudanças e palavras


Gente do bem (e do meu coração) tenham calma. Eu NUNCA na minha vida vou deixar de escrever. Porque isso está-me no sangue mais do que qualquer outra substância. Respiro palavras. Alimento-me delas. Divirto-me com elas. Uso-as a meu belo prazer sem qualquer tipo de pudor ou peso na consciência. É uma relação una, de amor, sem qualquer ódio subjacente. No dia em que, por um infortúnio, não pude escrever, ditei, para que mo escrevessem, por isso há sempre solução.
Quando digo que quero (e vou) mudar, seja para onde for (que vai ficando cada vez mais definido dentro de mim), levo as palavras comigo para as continuar a usar à exaustão. Tenho poucas certezas na vida, mas essa é das inabaláveis. Caso contrário não seria eu. Entendidos? Não se preocupem.

oficialmente


Nos 47 kgs! Nem mais uma grama! E sim muito muito feliz por isso. E também por muitas outras coisas mais...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

constatação (parte 2)


Desculpem o português, mas só me dá para as asneiras: "Se eu não soubesse lidar com este stress todo e fosse a típica gaja histérica que guincha por tudo e por nada, ah amores vocês bem todos bem fodidos! Oh se estavam!" Assim sendo: resolve-se, não é?!

(Não andasse eu tão bem disposta e já estava tudo morto. Tudo morto. Mortinhos. Bahhh)

constatação do dia


Definitivamente, não sou cardíaca. Senão já tinha morrido antes das 10h da manhã. Não me lembrava de um dia assim nos meus dez anos (!) de história jornalística. E quando achamos que nada piorar? La-la-la-la olha mais uma complicaçãozinha! Mais uma moeda, mais uma voltinha no carrossel! Está montado o circo e o meu dia de trabalho ainda nem sequer vai a meio às 18h... Já só me dá para rir. Para mais nada. E o teatro ainda não começou, só vamos nos preparativos.

monday morning


Hoje é um daqueles dias em que sim acredito!

sábado, 25 de setembro de 2010

conquistar pelas palavras

Enquanto a distância de um oceano nos separar só as minhas palavras poderão quebrar essa barreira. Fazer essa ponte. Se consigo ou não, não sei. Gostava de poder achar que sim. Que o que escrevo será capaz de me ligar mais a ti. E o mais simples é, afinal, o que diz tudo: já te disse que és lindo? Eis a primeira de muitas perguntas que vais começar a receber pelo correio.

roupas e roupinhas

Não querida I., eu não sei o que vou levar vestido quando aterrar daqui a pouco mais de 50 dias naquela ilha onde está o homem da minha vida. Só sei uma coisa: que não vou dizer nada. Nada. E ele sabe. Vou directa para os braços dele. Para os beijos dele. Vou aterrar com os nervos à flor da pele e o coração nas mãos. Já sei que me vou fartar de chorar e que ele depois me limpa as lágrimas. Mas o que vou vestir ainda é uma incógnita.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quem espera, desespera


O Concílio de Trento está reunido... estou à espera de fumo branco... em discussão está o teor de um email a enviar para África...
(agora menos simpática: decidam-se pá! Estoy a ficar um pouquito nerbiosa com as vossas discussões altamente teóricas das simples palavras que quero dizer àquela pessoa especial. Manda não manda. Diz não diz. Estou a dar demais ou de menos. O vosso papel é acalmar-me, caso ainda não tenham percebido, e não o contrário. Querem que vos faça um desenho? Querem?)

friday morning


Ouvi assim, no estúdio: "A partir do momento em que eu te fizer sinal, tens exactamente 5 SEGUNDOS para correr seis metros, fazer corta mato por três operadores de câmara, sentares-te, pores o microfone e ESTÁS NO AR! CIN-CO SEGUNDOS!"

Missão cumprida! E não stresses meu querido. Não é nada que não estivesse à espera: um grand final de uma semana imprópria para cardíacos. Parecia eu que estava lá sentada há horas a fazer a unha e a responder às perguntas do pivot.

(... by the way, se alguém me quiser oferecer uma bomba de oxigénio portátil ou um desfribilador eu agradeço)


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

encurtar distâncias


Mas tu queres que eu te faça uma declaração de amor em directo amanhã na televisão? Que diga a dez milhões de pessoas que já pensei tudo o que tinha a pensar? Que não é um oceano e muitas milhas que me demovem de ir atrás do que eu quero? De quem eu quero? Não me tentes, não me tentes...


desculpem, desculpem, mas...

OH-QUE-CARALHO-QUE-O-HOMEM-VAI-ME-MATAR-DO-CORAÇÃO-E-DEPOIS-É-NÃO-VIVEMOS-JUNTOS-PARA-SEMPRE-PORQUE-EU-QUINEI!!!

(estãooooo feliz que só me apetece gritar... vou fumar.... já venho!! já explico, já explico. mas é bom, é bom)

cenas da vida de um jornal #17


Mail do director: "Meus caros vocês não podem entregar os textos sempre no último dia!! Ninguém consegue fazer um jornal assim!! Por isso: HOJE NINGUÉM ALMOÇA ENQUANTO NÃO ACABAR DE ESCREVER O ARTIGO QUE LHE FICOU DESTINADO!!!E que ninguém me desobedeça!!"

Mê-do... e fominha. Muita fominha.


wall street: money never sleeps


... e depois, quando menos se espera, há momentos, músicas, filmes, oportunidades de vida que me falam ao sangue. Não sei explicar. Química com o que se faz? Muito provavelmente. Ontem vaticinava-me uma colega: tu nunca vais conseguir deixar isto. Ser jornalista está-te no ar que respiras desde que nasceste. Vibras com mercados financeiros e bolsas e traders e salas de mercado. E quero/preciso de ir ver este filme urgentemente! Estou apaixonada pelo trailer! E sim quero ir a Londres, à City. Quero ir ter formação num dos centros económicos mais frenéticos do mundo.

Pleased to meet you, hope you guess my name (Sympathy for the Devil, Rolling Stones)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

para ti


Não tenho palavras. Não tenho. Queria dizer-tas, mas de cada vez que penso nisso desato a chorar. Como chorei há um ano. O que te posso dizer que já tu não saibas? Que já tu não sintas? Que passa? Não passa. Não passa nunca. Mas isso já te disse dezenas de vezes. Também te vou dizendo que é gerível. Mas às vezes não é. E tu bem sabes porque vês.

No meio de tudo isso, há só uma certeza: a vida continua. E o importante não é vê-la passar. É não a ver apenas passar pelos outros. É não nos escondermos dela, apesar de ser isso que mais apetece. Porque parece que a solidão também nos tira o nosso lugar no mundo. Talvez seja esse o nosso desafio daqui em diante: aprender o nosso lugar no mundo, sem eles. Sem a sensação de que todos avançam menos nós.

Eu falo obsessivamente com o meu pai. Como tu bem sabes. Não sei se é a fórmula, mas a mim ajuda-me. Ajuda-me escrever-lhe. Contar-lhe. Conversas só nossas. Minhas e dele. Algumas aqui, outras noutro blog só meu e dele. Se me ajuda à séria? Não sei. Mas ao menos não dou em louca. Se resulta com toda a gente? Duvido. Cada pessoa tem de se encontrar com os seus mortos - aqueles que não morrem nunca dentro de nós - e para isso não há equações.

O silêncio é um sinal de paz. Interior. Ou não. Não julgo os silêncios dos outros por si, apenas pelo que de menos bom podem trazer. E é só isso que me preocupa. Porque a vida já parece que passa por todos menos por nós, quanto mais engolir as palavras e os medos e os receios e as felicidades. E tudo o mais. Assim sim é o fim, sem verdadeiramente o seu.

Não sei se sou a pessoa que queres neste momento mais próxima. Porque achas que me esqueço de ti. Mas não esqueço. Na esquizofrenia dos últimos dias, se houve pessoa de quem nunca me esqueci foi de ti. Talvez não queiras porque eu quero abanar-te. Tirar-te daí. Obrigar-te a sair. E tu queres entrar o teu casulo. Não vou discutir. Não discuto as decisões que as outras pessoas tomam nas suas vidas, e muito menos discutiria contigo. Especialmente sobre isso. A única coisa que posso fazer é pedir-te. Não te faças isso a ti mesma. Mesmo que tu não entendas porque to peço.

Se já não te apetecer fazê-lo por mais ninguém. Nem por ti. Ao menos fá-lo por ele. Que havia de querer que tu tentasses até à última. Viver.

Descobri ontem, por mero acaso, que afinal o Outono não chega a 21 de Setembro, mas a 23 de Setembro. Não sabia - andei enganada desde miúda, vê lá tu. E o Outono é a estação do amarelo, das folhas, das árvores. Do início da renovação de tudo. E não era disso que o teu pai gostava?


Tartes da S. logo à noite


Já tenho saudades da cozinha dela. E das conversas na cozinha dela. E dos jantares dela. E dela também.

o teu abraço


Naquele momento. Foi aquele momento. É um dos que não me sai da cabeça. Foi um dos que me deu certezas. Certezas a mim. Que precisava para mim. Não sobre ti. Sim as tuas palavras deixaram-me o coração aos pulos. A querer disfarçar. A não te querer mostrar logo tudo. Mas isso foi antes. Aquele momento. Aqueles segundos em que me abracei a ti. Em que pousei a cabeça no teu peito e escondi a cara no teu pescoço e fechei os olhos, atingiu-me. Não estou sozinha. Não. Estou. Sozinha. E aqui não importa o futuro. Não importa o que se venha ou não a passar. Tu consegues o que o meu pai um dia conseguiu: fazer com que não me sinta sozinha. E por isso passei o resto da noite a voltar para dentro desse abraço. Como uma menina pequenina. Não quero falar com ninguém. Só quero estar aqui. E tu rias-te. E de repente veio aquela núvem. Que te ias embora uns dias depois. Não te habitues, disseste-me, não vou estar cá. Mas não me largaste. Ainda me apertaste mais. Querido, a não ter já estou eu habituada. E não é a distância de um oceano que torna o teu abraço mais distante. Agora descobri isso.

fases más e formas de vida


Fases más todos temos. Em alguma altura ou outra. Transformá-las numa forma de vida já uma opção. E, pelo que me é dado a observar, uma opção recorrente. Não volto a falar sobre o que já disse. Cada um faz as suas escolhas. Até porque só falo quando me ouvem e, neste caso, acho que o que eu possa dizer há quem não queira ouvir. Custa quando tudo isto se passa com pessoas muito próximas de nós. Mas é a vida. Das minhas escolhas, sei eu. Das dos outros, sabem eles. Talvez seja por isso que me afaste. Talvez seja.

começamos bem


(Eu, no posto dos correios, de manhã cedo, a segurar um envelope em frente de uma funcionária solícita, batendo freneticamente com o meu dedinho no endereço do destinatário para tentar chamar a atenção de sua excelência)

Eu: Está tudo bem, não está? É que a morada que me deram não tem código postal...
Funcionária: Sim está.
Eu: Mas não deveria ter?
Funcionária: O quê?
Eu: Código postal.
Funcionária: Oh filha eles lá não têm disso!
Eu: Hmmm... Pronto, ok. Então queria enviar por correio azul internacional.
Funcionária: Registado?
Eu: Não sei... acha melhor?
Funcionária: Ao menos terá mais certezas que chega.
Eu: Mais certezas?
Funcionária: Sim, lá nada é certo.
Eu: Registo então, se faz favor. E demora quanto tempo a chegar?
Funcionária: Cinco dias.
Eu: Cinco dias?!
Funcionária: Sim e úteis.
Eu: Se eu mandasse uma carta para alguma tribo de índios no meio do amazonas se calhar chegava mais depressa...
Funcionária: Ah filha, com toda a certeza! Mas porque é que não telefona? É sempre mais seguro.

retomar hábitos antigos


Escrever-te cartas.
Eu ainda sou do antigamente. Do papel, das canetas, dos selos, dos envelopes. De leres o que digo na minha caligrafia. Porque as letras são uma parte de mim nas minhas palavras, nas minhas linhas, nas minhas frases. As primeiras saíram a custo. Só consigo ser eu se não pensar. Ontem à noite, estava em casa sozinha, com o meu copo de vinho tinto, o meu jazz, uma folha em branco e um mundo cá dentro para te dizer. Tu estavas dentro de um avião, certamente a dormir, como disseste que ias fazer. Quando me abstrai do resto foi fácil falar contigo. Terminei a carta antes de teres chegado ao destino. Cheguei lá primeiro que tu. Pelo menos no meu coração cheguei.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

...


Exausta. A precisar de fechar os olhos e conseguir dormir. A precisar de estar nos teus braços outra vez. Oiço as tuas palavras. Na minha cabeça. "Quando fores ter comigo, somos só nós. Vai ser a nossa lua-de-mel." Às vezes tenho medo de ter sonhado com tudo. Mas não. Foste bem real. Bem real. Estava agarrada a ti. "Não há muitas mulheres como tu, agora sei isso." Nunca quis tanto meter-me dentro de um avião e deixar a vida toda para trás. Olho todos os dias para o bilhete: confiro se não há erros na data. No destino. Não há. Mas ainda falta tanto. Tanto para te ter só para mim, agora que acordei de um ano e meio de ilusões e erros e entorpecimentos.

vou contar até 3500 de trás para a frente


Eu desconfio que devo sofrer de alguma disfunção, dislexia, distrofia ou outra-porra-qualquer! É que escrevo emails em português (ainda do antigo, daquele sem acordo ortográfico, ok?), mas quem os recebe lê como se fosse em chinês ou hebraico ou aramaico ou outra-porcaria-qualquer-muito-complicada. E depois parece o diálogo de um surdo a falar para um mudo. Vou ali meter a cabeça dentro do forno e já venho! Irra!

desabafo


A pior coisinha que inventaram na vida foram os telemóveis. Oh se foram! Qualquer dia tenho um AVC e fico entrevada para a vida. Isto se entretanto não desfizer o meu aos pedacinhos, com requintes de sadismo, enquanto digo todas as asneiras e mais algumas que aprendi em 31 anos de vida. Tenho dito!

lutar pelo que (quem) se quer


O meu coração está de tal forma apertado (que só me deixou dormir duas horas esta noite tal era o estado de nervos). O meu coração está de tal maneira feliz (porque agora sei muito bem quem quero). Já sabia que não ia ser fácil, mas não é isso que me demove. Never was, never will.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

uma palavra?


Benficaaaaaaa! TÁ-TUDO-DITO!

fazer o que ainda não foi feito


"E nessa noite, fomos tão longe a vida toda" (Pedro Abrunhosa)

Podíamos tentar outra vez...
Podíamos. Vamos. Uma vez disseste-me que era para sempre. É para sempre. Só me falta a mim fazer o que ainda não foi feito. E foi dentro do teu abraço, onde tudo fez sentido, que tomei essa decisão. Porque não tem que ser por dois dias. Pode ser mesmo para sempre. E mais não consigo dizer. Não quero acordar deste sonho. E não o quero partilhar com ninguém. Só contigo.

sábado, 18 de setembro de 2010

brincadeiras em casa da avó


Ainda hoje adoro estas bonecas, de papel, recortadas, com mil e uma formas de vestir, que me permitiam mil e uma vidas diferentes na minha imaginação antes de ter aprendido a ler e ter entrado nesse mundo absolutamente maravilhoso dos livros. Passava dias inteiros, verões inteiros, agarrada a elas, em casa da minha avó. E quando se rasgavam não havia problema. Não havia tesoura e pedaço de papel que não me permitisse improvisar e continuar a inventar histórias e jogos e vidas e brincadeiras. Ainda hoje as tenho, compro-as compulsivamente  em cada museu em que as encontro, e perco horas a olhar para elas, a recordar todas os momentos bons que me deixaram há muitos anos atrás.

sábado de manhã


O que eu gosto de abrir os olhos, pegar no telemóvel, e acordar com uma mensagem que me deixa com um grande sorriso? Ah se gosto. E muito. Mesmo que seja de um grande amigo, a negar todas as minhas dúvidas e receios.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

a vida de cesária évora na rtp1


Saudades das mornas na ilha do Sal. Quando o menino lindo de olhos azuis (que não me lembro do nome) nos ensinou a cantar e a dançar. Em noites de calor e insónia.

simplesmente


Calma. Bem disposta. E muito sorridente. Não dá para disfarçar. Sim, afinal (ainda) acredito em finais felizes. Sempre. E agora umas waffles com nutela para comemorar.

vozes de sempre


Há uma voz que me faz o coração bater a um ritmo mais acelerado. Depressa. Em passo de corrida. Que me faz fechar os olhos e me dá a certeza que, por mais tempo que passe, há (boas) recordações que não se apagam nunca. Uma voz que me faz ter borboletas na barriga e me deixa corada e nervosa. Mas eu gosto. Sobretudo quando essa voz pronuncia o meu nome.

e porque hoje é sexta!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

musiquinha prá menina


Eu tenho uma paixão assolapada pelos Gotan Project - e estou em crer que os meus vizinhos já se aperceberam. Ainda para mais hoje que estou bem disposta é em volume máximo. É o que dá continuar sem televisão. Temos penaaaa!

parou tudo! já!


O M. está na capa de um jornal a falar dos negócios que gere em Cabo Verde!! Eu bem avisei que ele ia longe. E isto é só o princípio. Estou aqui mega orgulhosa!

os ciúmes dos amigos


Os ciúmes alheios são do pior. E quando são de pessoas muito próximas de nós (leia-se amigos chegados) que deviam ficar contentes com a nossa felicidade então, para mim, são totalmente inexplicáveis. Se antes tinha dificuldade em aceitar, agora deito para trás das costas a rir. Não me merecem mais do que isso. Patetas. Eu cá fico feliz com as vossas vitórias e as vossas conquistas. Porque eu sou assim. Nalgumas coisas intrinsecamente ingénua, mas não quero deixar de sê-lo. 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

once upon a time


Também um dia dona Carminho e dom Diniz estarão por cá para eu os encher de beijos e mimos e lhes dizer que são os mais lindos do mundo. Os mais lindos do meu mundo. Até enjoar. Até não poder mais. Com aquele amor que não acaba nunca e que eu hei-de querer dar, a todos os segundos, aos meus filhos.

tarde para as meninas


E agora vou saber notícias de dona Laura, que até ao final de Novembro continuará no remanso da barriga da mãe mais maluca deste mundo arredores, e vou encher de mimo a irmã mais velha, a Constança, tão pirosa como esta tia emprestada.

adorei


A homenagem de hoje do Google a Agatha Christie, que li tardes a fio, de férias em casa da minha avó, enquanto comia fatias de pão com nutela, está maravilhosa. Apesar de ter adorado O Crime no Expresso do Oriente, o meu preferido é Ten Little Indians. Que saudades!

setembro


O meu mês preferido do ano. Começa o Outono. Começa outra época. Quando era miúda era o tão aguardado princípio das aulas. Dos novos livros, com novas páginas ainda por ler. De novas canetas e lápis e borrachas a estrear. Mais tarde foi o mês das férias em família. Sempre com os meus pais, no Algarve. A época que antecedia o detestado início dos novos anos na faculdade. Os dias em que ainda se pode ir à praia apanhar banhos de mar e não de gente. Em que é possível aproveitar os pormenores da vida porque já quase todos regressaram à rotina alucinantemente normal e quem fica ainda saboreia mais. Setembro.  Gosto mesmo muito. Além de que começa com aquela letra que eu adoro: 'S'.

good morning sunshine


Mesmo quando lá fora o dia está cinzento e a ameaçar chover. Deixou de chover dentro de mim.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

a semelhança de três palavras


Eu vou tentar, mas não prometo que consiga. Há feridas ainda demasiado abertas. Coincidências que me magoam como bofetadas duras. Mas vou tentar. Não perguntes porquê, mas sinto que o faço um bocadinho por ti. Sempre por ti, como foi e será. Só de olhar para a capa desato logo a chorar, mas não é isso que me incomoda. É a semelhança das palavras. Porque as ouvi antes de ti. Da tua boca. Do mais fundo do teu querer, quando já a esperança se tinha ido. A angústia do que ficou por fazer que só quem está perto do fim sabe.
A tua morte pai, mudou-me a vida e mudou-me enquanto pessoa. Talvez seja isso o menos mal de tudo: eu não seria quem sou, disposta a fazer por mim e pelos outros, se não tivesse vivido tudo os dias, durante dois anos, o teu sofrimento. Se não tivesse visto os teus olhos de súplica a veres o tempo a escorrer-te pelos dedos já sem que a vontade to deixasse agarrar. Porque não havia nada a fazer. Foi uma frase que te ouvi. Aproveita a vida. Disseste-ma numa cama de hospital, a chorar. É a ela que me agarro hoje e sempre. Mesmo quando estou mais em baixo nunca me esqueço dela. Porque esquecer-me dela, seria esquecer-me de ti. E de tudo o que nós os dois passámos juntos. De todas as horas passadas - não perdidas - no corredor daquele hospital.
Há coisas em que vamos ser sempre nós os dois. E não é por tu agora não estares que eu vou desistir. Vou continuar sempre contigo. A falar. A chorar. A rir. A partilhar. Um dia mais tarde, algures, em algum lado, hei-de te poder abraçar outra vez e rirmo-nos disso. Até lá, eu vou fazer o que tu me pediste, ou me mandaste, aproveitar a vida.

conversas ao jantar


Eu: (...) E pronto basicamente tem-se passado tudo isto que te contei na última meia hora em que não me calei. Já deves estar mais que farta de me ouvir. Tolinha não é?
A I. riu-se, não me respondeu logo, abriu uma garrafa de vinho tinto e disse-me com um ar enternecido: "Agora teu olhar brilha. Encontraste um objectivo para a tua vida. Que não tem a ver com uma pessoa, tem a ver contigo. Não olhes para trás miúda. Se eu não tivesse um filho que me prendesse a este mundo já tinha tomado uma decisão semelhante há muito tempo. Eu não posso, não pelo menos enquanto ele não for homenzinho, mas tu podes."

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

...


Eu disse-lhe que queria mudar. Contei-lhe. Disse-lhe que queria parar. Que já tinha chegado ao topo dos meus objectivos. Que aprendi que quero mais na vida. Que é fácil ser feliz com pouco. Que quero esse pouco, porque é o que é de facto importante. Disse-lhe que já não encontrava motivos para não pôr um travão na vida. Para não mudar de rumo. Para não ser aquilo que quero ser. Para não seguir aquilo que vai cá dentro. Sem me importar com os outros.

Falei-lhe do vazio que se instalou no meu coração. De como me vai gelando por dentro. Da necessidade premente de dar. De dar o que quer que seja. A quem quer que seja. De saber que se calhar um bocadinho do que é meu pode fazer outra pessoa mais feliz. Porque o mundo não muda e continua a girar, como sempre, todos os dias. Mas o meu mundo pode mudar um bocadinho. Precisa de mudar. E se antes eu não sabia o que queria, agora sei. Não é a coragem que me falta; é esgotar os segundos, os minutos e as horas que restam a dar ao universo uma oportunidade de me manter no meu rumo. Senão eu vou. E mudo.

Em dez anos cheguei do zero onde queria. Passei da universidade à televisão e ao melhor jornal do país. A minha vida passa agora por outros rumos.  O importante era conseguir cá chegar. Não mais do que isso. Agora haverá certamente outros caminhos. Passará sempre pela escrita, porque essa está-me entranhada no sangue tanto quanto eu por vezes não queira. Mas passa por um mundo mais além que nunca conheci. Que nunca me dei a conhecer. E agora quero. Porque o meu pai me disse um dia que chega um momento em que pode ser tarde demais. E eu não quero chegar a esse tarde demais com lágrimas amargas do que deixei por fazer.

E o M. ouviu-me. E acreditou. Não duvidou. Não me tentou demover. Não achou que era um devaneio de mimo. Contou-me como mudou também. Da importância dos tudos e dos nadas. E como aprendeu, lá longe, em África, que é tão fácil fazer uma pessoa feliz. Explicou-me como, quando se sente em baixo, cansado e stressado, vai ao mercado meter-se com as vendedoras. E contou-me como elas se derretem. E como basta este tão pouco dos outros para lhe dar a ele outro significado à vida.

Não esperei ouvi-lo. Sempre o soube assim - ah meu querido, não fosses tu fazer charme às vendedoras, que há coisas que nunca mudam, brinquei eu - mas não sabia que estava a falar com uma pessoa que pensa o mesmo que eu. Na mesma sintonia. Nunca duvidei que ele é das melhores pessoas que eu conheço, nem mesmo quando me roía de ciúmes por tudo e por nada.

Ele quer que eu vá conhecer o mundo dele. E eu vou. Dia 19 de Novembro,vou.

meu e só meu

Que me perdoe a noiva, mas quem vai arrasar no casamento do ano vou ser eu. Disso não tenho dúvida. Encontrei 'o' vestido. Está penduradito no meu quarto, bem à vista, para me apaixonar um bocadinho mais por ele todos os dias - como se isso fosse possível.

monday morning

I made a wish... please say yes...

domingo, 12 de setembro de 2010



Chega. Acabou. Já chorei tudo o que tinha que chorar. Faz parte. É mais uma etapa no caminho que vou fazendo. Assustou-me porque me vou exigir mudanças que não sei como fazer - mas vou fazer. O desconhecido deixa-me insegura. Nervosa. Mas faz parte. Fará sempre parte. Um dia de cada vez, como a maior lição que aprendi na vida. Mas em sete dias de tristeza e desilusão houve uma vitória imensa que me custou o mundo mas me fez andar para frente. Deitei cá para fora tudo. Tudo. Nada ficou por dizer. O que pensam de mim não me importa tanto como importou no passado. O importante era dizer, não era impressionar. E disse que sou a pessoa que me sabem e me conhecem, mas sou outra, se calhar menos forte e menos assertiva, mas mais doce e mais carinhosa. E aos poucos o tempo o dirá. Como um molde barro que só fica pronto no final, mas que é de tal forma moldável que se pode sempre começar do início quando não gostamos do resultado que vamos obtendo. Eu não estava a gostar, de mim para comigo, do resultado. Resolvi começar de novo. E amanhã é um outro dia. Novo. Nunca vou deixar de tentar e de acreditar. Uma e outra e todas as vezes que forem precisas.

casa das histórias de paula rego


Não gosto de um. Gosto de todos. Fascinam-me. As cores. As formas. A crueza das cenas. A fealdade das personagens. É incrível pensar que há uma pessoa no mundo capaz de os pintar. De forma tão genial. Absolutamente genial. A melhor retrospectiva da obra de Paula Rego vi-a em Madrid. E não uma, mas duas vezes. Duas manhãs inteiras, que ainda hoje me ficam na memória.

Ontem fui ver a retrospectiva da obra de Victor Willing, o marido falecido há muitos anos com esclerose múltipla, exposta na Casa das Histórias. As expectativas eram muitas. Não gostei. Simplesmente não faz o meu estilo. Não sou fã de naturezas mortas porque não lhes consigo encontrar profundidade nem eer nelas uma interpretação só minha. Diz a pintora que marido era um mestre e que ele sim sabia pintar. Uma declaração de amor muito bonita, mas que, me perdoe a própria, não corresponde minimamente à realidade.