quarta-feira, 28 de abril de 2010

Having a break

Parei agora para um chá de tarte de limão absolutamente MA-RA-VI-LHO-SO e para pensar em tudo o que se tem passado e te diz exclusivamente respeito a ti. Já chorei mais nos últimos dias do que em muitos meses desde que te foste embora. Lembro-me do que nunca chegaste a ver. Do que queria que tivesses visto. Daquilo que sei que te iria orgulhar muito mais a ti do que a mim. De todas as fotografias e boas recordações em que só estarás presentes dentro da minha cabeça. A resposta a todas as minhas interrogações veio ontem.
Minha querida, o seu pai era a única pessoa que você sempre considerou como igual a si intelectualmente. Sendo você das pessoas mais inteligentes que já conheci, acredito que a falta de estímulos e desafios da parte dele a façam sentir-se sozinha. Não tem ninguém à sua altura que a questione e se orgulhe de si. Se profissionalmente conseguiu chegar a esse patamar superior agora, só mesmo o seu pai a reconheceria. Por isso é perfeitamente normal que sinta a falta dele, até porque se orgulharia muito mais de tudo o que alcançou do que você mesma.
Está bem. Ok. Mas dava para eu não andar a chorar que nem histérica? E com outra me rematou:
Teve uma das perdas consideradas mais traumáticas que alguém pode ter. Foi a primeira vez que perdeu alguém, perdeu quem mais amava, teve de tratar dessa pessoa durante demasiado tempo, assumir responsabilidades que outras pessoas nem imaginam. Tenho mais de 30 anos de experiência profissional e digo-lhe: fez um trabalho fantástico, fez muito mais do que lhe era exigido, fez muitos possíveis e muitos impossíveis.
Dito isto sou uma filha normal, que descobriu que é muito possível continuar a sorrir e a ser feliz. Ela diz que o nome formal do processo se chama 'fazer o luto'. E que, no meu caso, está tudo a ficar muito bem feitinho. Assim seja.

Sem comentários:

Enviar um comentário

fatias