quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sentimento paternalista

Estou a descobrir que os homens foram acometidos de um sentimento paternalista, em minha opinião um tanto ou quanto estranho. Não é que olhem para as criancinhas de forma diferente, deram foi em fazer de paizinhos uns dos outros. Pelos menos alguns homens que eu conheço. Ah e tal as fragilidades e os medos. Meus caros! Acho que vossa preocupação uns pelos outros é extremamente meritória. Têm todo o meu aplauso. Só provam que afinal até são pessoas normais e que conseguem mostrar sentimentos como inteligentes que são, sem terem de andar com aquelas boquinhas - para as quais já não há paciência – sobre a definição da sexualidade. Até aqui aplaudo, louvo, ainda bem, finalmente, haja deus, nem de outra forma poderia ser.

Mas quando se começam a preocupar em demasia tudo me começa a parecer um bocadinho excessivo. Eu acho que todas as pessoas têm medos, receios e fragilidades e que, mais importante do que tentarmos que nada de mal aconteça aos nossos amigos, é mostrar-lhes que estamos cá precisamente quando tudo isso for posto em causa. Porque deve ser posto em causa. Porque só quando se enfrentam medos e receios se ganha a maturidade para crescer e evoluir. Porque senão andamos a cultivar flores de estufa alimentadas a medos eternos.

Imaginemos… “Ah e tal o Y tem medo de gatos” O que fazer? Tirar os gatos do caminho do Y? Exterminar os bichanos e as donas deles? Não. Eu acho mais produtivo deixar que o Y um dia encontre uma estrada cheia de gatinhos de todas as raças e nacionalidades para ele olhar para dentro de si e perceber:

1. Porque é que tem medo de gatos?
2. O que é que o seu inconsciente lhe diz sobre gatos?
3. Como é que o seu instinto o vai fazer atravessar a rua sem morrer de pânico?
4. A quem pode pedir ajuda para ir afastando um ou outro gato do caminho?
5. Será que afinal os gatos eram assim uma barreira tão insuperável?
6. O que aprendeu quando chegou ao final do caminho?

E quem diz gatos diz outra coisa qualquer. Podem não concordar comigo, mas esta é a minha posição. Eu também tenho medo de andar de avião. Mas ando. E muito. E se ouvisse alguém nas minhas costas a dizer “tem cuidado que ela tem medo” acho que ficava um bocadito pensativa. Porque o medo não o deixo de ter de cada vez que entro num avião (sim, começo a hiperventilar e com o coração aos pulos antes do Xanax fazer efeito), mas também já aprendi que a minha vida não fica bloqueada por isso e me sinto muito orgulhosa de mim por conseguir superar essa barreira todas as vezes que forem precisas. Por isso não me tirem os aviões do caminho.

Vamos lá deixar os vossos ‘pequeninos’ crescerem, está bem? Se eles caírem vocês estão cá para os ajudar em tudo. Isso eu não duvido.

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