terça-feira, 25 de maio de 2010

conversas ao almoço

Quando depois de ir para a cama com uma mulher um homem lhe diz:

"És maravilhosa. Adoro-te. Deixas-me louco. Ao pé de ti perco completamente o juízo. A nossa noite foi absolutamente indescritível, mas... (e há sempre um mas, senão nem havia espaço para uma conversa deste tipo)... sinto um grande aperto no peito, é a primeira vez que traio a pessoa com quem vivo, tu deixas-me louco mas tenho de pensar no meu filho, não é que não te adore mas não me pressiones e não posso tomar assim uma decisão repentina e a quente, se calhar o melhor é darmos um tempo. Claro que não quero perder o teu contacto, mas se estiver ao pé de ti não te resisto."

Para mim - e se calhar é mesmo só para mim e sou eu que ando a ver o filme ao contrário - é até uma forma muito óbvia e explícita de dizer: "Desculpa lá querida, foi uma grande queca pois claro, mas tenho a minha vidinha feita e não estou para abdicar dela. Não queres ser a amante? Então adeus."

Mas se calhar é só mesmo para mim. Porque duas semanas depois deste diálogo, a rapariga em questão ainda suspira e o desculpa: "Pois coitadinho, ele queria tanto mas não me resiste. O problema é nós vermo-nos, porque se nos virmos começa tudo outra vez. Diz que a culpa é minha e que não me resiste"

Ah, espera lá.
Mas ele propôs-te que se vissem? Não.
Disse que estava disposto a mudar de vida por ti? Não.
Queria pelo menos tentar perceber se o que sente é mais alguma coisa para além de atracção? Não.

Bom, então desculpem-me mas não consigo perceber esta mania absolutamente masoquista de algumas mulheres em se culparem pelo que não têm culpa nenhuma. Apaixonar-se por um traste pode acontecer a qualquer uma. Desculpá-lo depois de ele ter caído fora e ter mostrado claramente que não estava interessado é que já não é para todas. E felizmente. Não me venha com a desculpa que é do signo, que eu sou do mesmo signo que ela, já fiz muitas asneiras na vida, mas nunca me humilhei tão explicitamente desta maneira.

(e não, esta conversa não com nenhuma amiga minha. Porque se tivesse sido com uma amiga minha, já a tinha metido num duche de água fria a ver se a acordava para a realidade. Foi mesmo com uma amiga de uma amiga, e assim sendo calo-me)

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