quarta-feira, 16 de junho de 2010

brilhar por dentro


ontem a I. disse-me: 'você está bonita. não é que antes não estivesse. mas agora brilha por dentro'
fiquei com um sorriso meio parvo. desconcertado. calculo que seja verdade. é assim que me sinto. não posso dizer que não me sentia assim há muito tempo, porque acho que na verdade nunca senti. e até me descobri um tanto envergonhada. ela continuou: 'não vejo razões para isso. há pessoas que nunca na vida conseguem brilhar por dentro. você deixou de viver em ilusões e vive na realidade. agora deixa a vida fluir'
sim é bom. é muito bom. é bonito. é especial conseguir rir nos dias felizes e sorrir nos dias tristes. achar que não há um fim do mundo premente porque algo de muito forte nos sustenta e nos puxa para cima. mesmo quando só nos queremos afundar. é uma paz de espírito inexplicável. que não se traduz em palavras. sente-se. sente-se quando acordo feliz. sente-se quando deixei de estar formatada a não usufruir do que de bom pode acontecer. deixei de querer mudar pessoas e de me querer mudar a mim. tento todos os dias viver com as tristezas do passado, sem que me impeçam de acreditar hoje/sempre/todos os dias no futuro. e não é mudança de olhos apaixonados. não é a paixão enjoativa que tolda a vista. porque ele é importante, mas não é 'a' minha vida. a vida com o meu aviador é linda, mas sem ele também o seria.
a minha vida feliz sou eu. e mais eu. eu e a minha casa que já adoro mas que imagino de mil maneiras diferentes. eu a minha S. a partilharmos sonhos de miúdas que nunca vamos deixar de ser. eu como porto seguro para o meu irmão. eu com as saudades que me consomem do meu pai, com quem falo sem descanso. eu e as minhas letras e as minhas palavras que são apenas uma parte do que vai cá dentro. eu e os homens importantes da minha vida. eu e as minhas imperfeições e manias. eu e aquilo que me rodeia e que vou construindo aos poucos. eu a acreditar em príncipes e princesas. em contos de fadas e finais felizes. eu a olhar para a I., à espera que ela me fale e continue a falar e a receber apenas em troca um sorriso. 'acho que já fiz por si tudo o que podia ser feito.'

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