sexta-feira, 25 de junho de 2010

a minha S.

Não querendo dizer demais ou expôr em excesso a privacidade aos olhos ávidos dos outros, acaba por se correr o risco de dizer de menos - e magoar quem não queremos. Quando digo que sou feliz sou mesmo. Mas a minha felicidade não vem de pessoas recém-chegadas - ou não vem apenas dessas. A minha felicidade vem das pessoas que sempre me ajudaram quando precisei. Que sempre estiveram lá. Que me aturaram as neuras. Que me limparam as lágrimas. Que partilham sonhos e asneiras. Daquelas com quem discuto e com quem me chateio. Daquelas com quem faço as pazes. Daquelas com as quais já não saberia viver sem. Não são muitas, mas são as suficientes. E, entre essas, que me perdoem os outros, há uma pessoa que é um pilar na minha vida: a minha S.

Não podíamos ser mais diferentes. E ainda assim temos algo que há vários anos nos une profundamente. Ainda só ouvia falar dela e já algo dentro de mim sabia, mesmo inexplicavelmente, que um dia íamos ser grandes amigas. Até mais do que isso. Já nem a considero amiga porque o estatuto é superior. É quase uma irmã (se é que não é mesmo...) daquelas escolhidas por mim e não impostas pelos laços de sangue.

Discutimos, berramos, fazemos as pazes. Quem nos conhece já percebe a dinâmica. Também já nos perguntaram às duas porque é que não nos afastamos. A resposta? Porque não. Porque não quero. Porque esta menina entrou na minha vida para ficar. Porque sem o apoio dela não teria chegado onde cheguei. Porque partilhamos os mesmos sonhos. Porque os meus já são também dela, e os dela são um pouco meus também.

Porque nunca hei-de esquecer as vezes que lhe telefonei de madrugada, à beira do desespero quando o meu pai estava no hospital. Porque não esqueço de onde ela vinha no dia do funeral dele. Porque não abdico dos momentos maravilhosos que passamos na cozinha dela. Acima de tudo porque sim. Por tudo isto e muito mais. Porque se vou mudando e moldando-me mais ao meu jeito há alguém no backstage a 'segurar as pontas': ela.

A S. sabe que não o escrevo da boca para fora. E muito menos para lhe agradar. Também sabe que não preciso dizer ao mundo a importância que ela tem para mim. E o orgulho que tenho em tudo o que conquistou à sua custa. Mas ainda assim faz muito bem dizer. Porque temos que mimar aqueles de quem mais gostamos. E se a tenho mimado menos do que merece, está na altura de corrigir isso. Para que fique bem claro e não haja mesmo dúvidas.

Há amizades que nos mudam. E pessoas que são o outro peso da balança, no equilíbrio da nossa vida. E é assim que tem que ser. E se sou feliz porque sim, porque sim, porque sim, é porque ela está cá todos os dias. Hoje são as nossas mães e os nossos amigos a acharem que somos loucas uma pela outra: um dia serão os nossos filhos a achar o mesmo. E ainda bem. Não tentem perceber. É só nosso. Eu e a minha S.

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