domingo, 30 de janeiro de 2011

quebrar barreiras



"... Outra coisa que a companhia constante da morte fez por mim foi despir-me de qualquer pudor no que toca aos afectos. Nenhuma reserva em dizer que amo. Nenhuma prudência na minha entrega, nenhum pudor em descrever sentimentos..."

in Vida em Mim, Nuno Lobo Antunes

É isto que eu sinto. Que te demonstro. Com o toque dos meus dedos. É por saber que um dia tudo acaba que não me canso de te mimar. De te dar festas e beijos e carícias. No cabelo. Na tua barba por fazer. No pescoço. Nos ombros. Nas tuas tatuagens. Perdi a vergonha que durante 31 anos trouxe encerrada em mim. Que travava a barreira do meu querer. Agora é diferente. Quanto mais te dou a ti. Mais dou de mim. Porque já não tenho medo de me magoar. De hipoteticamente me poder magoar. O prazer que sinto em quebrar as minhas barreiras e aproximar-me de ti é superior a tudo o resto. Deixou de ser importante o futuro. Bastas-me no presente. Bastas-me nos segundos que passo a decorar cada centímetro de ti enquanto dormes. Profundamente. Sobretudo ao domingo de manhã.

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