segunda-feira, 25 de abril de 2011

a última noite



Há filmes que dão que pensar. Que levantam questões. Que nos fazem questionar aquilo em que nós próprios acreditamos. Até que ponto as nossas atitudes estão em conformidade com o que exigimos aos outros. A 'Última Noite' é um desses filmes - vários pontos acima do mítico 'Closer'.

Será mais comprensível uma traição 'previsível' ou aquela que acontece por mero acaso, sem que nada fizesse prever? E é pior trair só porque a monogamia e a estabilidade de uma relação não apagam a curiosidade de sexo com outro ou trair quando nos deitamos todos os dias ao lado de uma pessoa a pensar em outra? E mesmo que sejamos defensores da fidelidade será que isso significa que nunca vamos trair? Ou que já estamos a trair, mas que como é apenas dentro da nossa cabeça, então não conta? E o que leva duas pessoas a continuarem juntas? E porque é que por vezes preferimos o estável quando o nosso coração e a nossa cabeça já estão claramente noutro lado? E porque é que insistimos em manter acesas paixões que não levam a lado nenhum, que só fazem sofrer... só porque nos dão a ilusão de que assim permanecemos 'vivos' apesar de todas as decisões que não temos coragem de tomar por nós mesmos?

Não tenho resposta para todas as perguntas. Nem sei se as minhas respostas me satisfariam a mim mesma se fossem outros a dar-mas. Sei apenas que as relações entre as pessoas são complexas. Profundas. Cheias de pormenores e cantos por explorar. Que uma pessoa pode ser diferente para várias. Que as relações são todas diferentes na sua unicidade e que a nossa busca de um modelo é infrutífera por isso mesmo. Já fiz coisas que sempre achei que nunca faria. Já tomei decisões que achava que nunca teria coragem. Já chorei. Já traí. Não sei se fui traída. Já escondi. Já tentei dar o meu melhor. Já me encantei e já me desludi. Mas, acima de tudo, já aprendi a aceitar que é assim. E cada nova pessoa, cada nova tentativa de relação, é como começar do zero. O que tem os seus encantos. Se continuarmos a acreditar em finais felizes.

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