segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

saborear (os pormenores) de começar de novo

 
Gosto de começos. De inícios. De páginas por ler. Da primeira palavra de uma frase. Da primeira letra de uma palavra. Gosto da incerteza do que vai acontecer. Do mundo infinito de possibilidades à nossa frente. Gosto de poder fazer novas escolhas. Mesmo que me atormente a angústia de poder escolher mal. Que acaba por ser apenas momentânea, porque uma má escolha dá sempre origem a um novo começo. E o ciclo renova-se. Tal como eu gosto.

A I. disse-me um dia que eu tinha uma capacidade de reinvenção e de adaptação à mudança que nem ela sabia explicar. Não por falta de suporte ou por insatisfação crónica, mas por verdadeiro amor à novidade. Tenho saudades daqueles finais de tarde com ela. A vê-la fumar cigarro atrás de cigarro, na poltrona de pele escura, enquanto me ouvia. As minhas dúvidas. Medos. Angústias. Receios. Desejos. Planos.

Gosto do começo que se abriu na minha vida quando menos esperava. Já me assustou. Já me fez ter dúvidas. Agora não. Agora é um novo começo que me acalma. Que me deixa feliz. Que me dá paz. É um novo começo que é um porto seguro. Com aquela pessoa especial. Muito especial. Um novo começo que vai demorar mais do que a separação entre duas pessoas desejariam, mas que é para a vida. E gosto de ir saboreando, aos pouquinhos, este novo recomeçar. Sem pressas. Sem dramas. Sem angústias. Por agora, apenas com o vazio das saudades, que muito brevemente deixarão de existir. Para sempre. 

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