sexta-feira, 16 de abril de 2010

Há dias em que a minha cabeça não chega para tantas más recordações. O coração já não pode doer mais porque nada mais há para arrasar, mas angústia de reviver vezes sem conta o que se passou é uma tortura que volta e meia me assalta. Cabeça tonta! Apanha-me desprevenida quando não estou a pensar em nada e, quando dou por mim, não estou cá, mas lá. Nem lá nem cá. A tentar fechar as imagens tristes todas dentro de uma caixa para não mais abrir. Não consigo apagá-las, não quero voltar a senti-las, é uma tortura revivê-las. Se alguém olhar para mim nessa altura devo parecer certamente uma boneca com olhos de vidro, sem alma. Reviver um sofrimento dói muito mais do que sofrer pela primeira vez. Porque já sabemos o final da história e já não há esperança vã que tudo possa ser compensado por um passo de mágica. Também já aprendi que vou ter de viver com isto para o resto da vida. Quando se perde alguém, perde-se a pessoa, mas o que fica não é só a ausência. Antes fosse, porque era mais fácil. Fica tudo aquilo que de triste se viveu e, quando menos esperamos, salta cá para fora sem aviso. Como disse a Paula Teixeira Pinto em entrevista à Única: “Viver com a morte de alguém é como ter uma doença prolongada. Não há forma de fingir que não existe e temos de adaptar a vida a essa mudança.” Eu sei, mas custa.

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