sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Quero encontrar as palavras certas para a noite de ontem, mas elas fogem-me. Porque não quero perder nada. Nada do que ele me disse. Do que me contou. Das histórias. Das gargalhadas. Das recordações. Estava uma noite absolutamente maravilhosa à beira Tejo. O calor de verão transformou um café ao final da tarde num jantar maravilhoso que durou cinco horas. Que mais pareceram cinco minutos. Quando estamos juntos o que mais queremos é parar os ponteiros do relógio. Encontrar um lapso temporal perdido algures. Porque as horas passam depressa demais, os minutos fogem, sem que se esgote tudo aquilo que contamos um ao outro.
Ontem descobri que somos os dois apaixonados por fotografia. Que acreditamos que tem que haver respeito e concessões nas relações. Ele dorme com música de fundo, eu só consigo fechar os olhos com a claridade da noite que me entra pela janela. Explicou-me o que é a magia de pilotar um avião. Do sonho de voar um mês pelo céu dos Estados Unidos. Riu-se com as minhas aventuras entre aeroportos e com todas as histórias que o meu pai me contava de quando andava por esses céus. Tirámos fotografias ao paquete que passou por nós e às acrobacias de um arrastador à frente. Falámos de cruzeiros às Caraíbas.
Perguntou-me se não tinha o hábito de escrever compulsivamente, e confessou-me que também o faz. Para não perder os momentos únicos que se vivem. E sem saber derreteu-me por completo. Porque um homem que escreve está a meio caminho entre a realidade e o princípe encantado.

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