sexta-feira, 14 de maio de 2010

passados que não mudam nunca

Tive um ex-namorado que só o foi por engano. Porque eu andava carente e ele estava apaixonado por mim. No nosso caso os opostos não se atraíram e tudo acabou no dia em que saí porta fora, de malas feitas, com um amante na bagagem, e sem pensar em olhar para trás. Foi nessa altura que ele decidiu emigrar para longe. De Lisboa a Edimburgo o fosso da distância não deu para mais do que umas mensagens trocadas muito esporadicamente. Até hoje.
Hoje telefonou-me. Estava em Portugal e queria tomar café. Lá fui, na esperança de o ver renovado - porque a minha consciência ainda me mortifica por tudo o que lhe fiz e que ele nem sonha. Mais valia ter ficado quieta e sossegada. O tempo apagou em mim o passado e enterrou-o. Mas nele não. E no que sentiu por mim também não. E, três anos depois, continua a tentar a todo o custo provar-me o valor que tem. A mim, que esperava já não ser ninguém na vida dele, porque ele não o é na minha. Fiquei triste e constrangida. De o ver nervoso. A corar. A justificar-se. A dourar os momentos menos bons que sei que teve para que eu não o ache menos por isso. Sem nunca perceber que nunca foi menos que eu, era apenas diferente. Fez questão de me mostrar que não me tinha esquecido.
Não gosto que me tratem como se eu fosse perfeita. Não gosto que me elevem a um pedestal onde não estou. Não gosto que me adorem quando eu gosto muito pouco. Se eu não gosto de ti porque é que insistes em gostar de mim? Ainda se eu o merecesse... Sobretudo de ti, não mereço. E mesmo que tu dissesse tu também não ias mudar de ideias.

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