quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

tu e eu e nós os dois


Tu sabes que me lembro sempre de ti. Que és presença constante na memória.
Não quando eu quero, quando tu queres.
Já me habituei. E a minha relação com as tuas lembranças é pacífica.
Falamos todos os dias como sempre.
E muito mais falaremos até eu ir ter contigo. Um dia.
És o único homem a quem eu sempre fui e serei fiel.
Porque de outra forma não se conceberia a nossa existência.
Não sei se foste o melhor. Certamente não foste o mais fácil.
Mas foste o meu.
O meu pai.
E dessa posse que marca até à alma não se abdica nunca.
Já não és dor nem sofrimento. És quem me faz rir.
Das coisas só minhas. E só nossas.
Que tu vês. Que eu recordo. Que observamos juntos.
Talvez aí percebas o significado da tua presença aqui. Que perdurou. Sem se apagar.
Sobreviver à tua ausência ensinou-me a sobreviver ao mundo. A qualquer mundo.
Não consigo ainda é aceitar o teu sofrimento.
Isso não consigo perdoar à vida.

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