segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

tu



Apetecias-me tu. Apeteces-me sempre tu. Por mais que os anos passem. E que continuemos neste jogo de nos ignorarmos e de não nos resistirmos. De sermos polidos. De nos odiarmos. De não conseguirmos ser indiferentes. Apeteces-me tu numa tarde de chuva. Como hoje. Como aquela noite. Naquele hotel. Com o mundo a desabar. E outra pessoa à minha espera. Desesperada. Um pobre coitado. Sem saber que não era só nessa noite que eu não voltaria. Já tinha saído muito antes. Saí quando tu entraste na minha vida. E continuei a sair quando tu saíste. Mas hoje apetecias-me tu outra vez. Aquela que nós sabemos que não pode acontecer.

Não deixes isso na minha mão. Como fazes sempre. Porque eu não resisto às palavras fáceis para te ter. E tu respondes. Sempre. E só me apetece gritar-te. Que me ignores. Que não me fales. Que não me respondas. Mas tu nunca fazes nada disso. Respondes sempre. Porque é que és tão solícito? Como um menino bem comportado. E depois cabe-me o papel de deixar de querer. De travar. De ser a má da fita outra vez. De ser a louca que mudou de ideias. Que te provocou. Que quis. Até não querer mais. E tu irritas-te. E aí sim ignoras-me. E passamos semanas, meses sem nos vermos. Até começar tudo outra vez.

Hoje apetecias-me tu. Mas hoje não to vou dizer. Tal como todas as outras vezes. Hoje prometo que não te vou dizer.

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