quarta-feira, 18 de maio de 2011

galeria das desilusões


A minha ganhou mais uma estatueta nos últimos dias. Já tinha algumas, de há poucos meses e, recentemente, ganhou outra. Precisamente aquela que não podia ganhar. Não sei se seria a única que não podia ganhar, mas era uma das que não deveria. Desiludirem-me é o pior que me podem fazer. Mesmo. Quando me irrito, me enervo, me chateio, ainda é bom sinal. Agora quando olho para uma pessoa e sinto um vazio por dentro, sinto que fez exactamente aquilo que não poderia ter feito, aquilo que me fez achar que afinal não a conhecia, é mortificante. Para mim é. Não há volta a dar. Não consigo voltar a confiar que não me volte a desiludir.

Ando a tentar encaixar uma recente. Não sei se me apetece escrever sobre isso. Se calhar apetece, senão não escreveria. Não sinto a não ser um imenso vazio gelado quando vejo essa pessoa. Todos os dias. Gostava de conseguir esquecer o que aconteceu - e esquecer essa pessoa também, de preferência - mas parece que todos os dias há uma dor que se renova. Constante. Uma moínha. Todos os dias acordo e prometo a mim mesma que não vou pensar nisso. E todos os dias é recorrente no meu pensamento.

Não sei até quando é que isto vai durar. Não sei se dói menos hoje do que ontem. Dói e ponto final. Talvez seja eu a masoquista, que me deveria importar muito menos e cortar o mal pela raiz. Talvez. Aparentemente, cortei. Virei costas. Larguei o barco. Mas nem assim me sinto mais confortada por isso. Um grande amigo rematou: 'tu fizeste tudo o que tinhas a fazer, não foste tu que erraste, tens de estar tranquila por isso.' Pois. Mas talvez tivesse sido mais fácil se tivesse sido eu a errar. A fazer asneira. Se tivesse sido eu a desiludir essa pessoa. Se calhar vivia melhor com os sentimentos de culpa do que com o vazio aterrador. Mas não pude escolher. Foi o que aconteceu e como aconteceu.

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