quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mundos meus


Num dia péssimo como o de hoje, quando tenho cinco minutos para descansar, abro uma revista e leio que há pessoas com a coragem de deixarem empregos estáveis para darem a volta ao mundo, sem se importarem de servir à mesas para ganharem dinheiro ou andarem de mochila às costas, chego apenas a uma conclusão: mas o que é que eu ando a fazer à minha vida?!

Provavelmente nunca terei coragem para o fazer - já não sou tonta ao ponto de me enganar e achar que sim. O que perdi ultimamente foi mesmo a capacidade de sonhar e imaginar que seria capaz. E logo isso, que sempre me foi um mundo privado tão querido desde miúda.

O que me choca não é só saber que há pessoas que o fazem. É abrir as revistas, olhar para as páginas, e ver que já nem nisso consigo pensar. Que ando tão cansada e exausta que as minhas capacidades de fuga sem sair do mesmo sítio parecem ter-se esgotado. E isso é que não pode mesmo ser, porque sempre foi o oxigénio que me deu vida quando tudo o resto me faltou. A capacidade de ignorar o que não queria e fugir para os meus mundos - a que só eu tenho acesso. Mais do que arranjar tempo e disponibilidade para 'fazer coisas' tenho de as voltar a imaginar. Não importando se de facto são possíveis ou não. Meramente imaginar. Dormir acordada. Estar sem estar. Há tanto tempo que não o faço que já por falta disso dava.

Estar colada à realidade que existe não é suficiente. Sufoca-me. Faz-me sentir pequena. Inerte. Sem capacidade de controlo sobre mim mesma. E nos últimos tempos tenho-me ido colando cada vez mais. Abertas as excepções para as relações que não funcionaram (e que só na minha cabeça poderiam algum dia ter sido maravilhosas), nada mais busquei.

Mea culpa. Terei novamente de me obrigar a sonhar. Até pode não servir para mudar o meu mundo, mas ao menos serve-me para sobreviver muito mais feliz.

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